O artigo apresenta a coletânea de versos Tempo angolano em Itália, que o poeta angolano Fernando Costa Andrade (1936-2009) publicou no Brasil em 1963 com a chancela da editora Felman-Rêgo. Através da análise dos poemas pretende-se reconstruir a perceção do contexto político e cultural italiano do começo dos anos Sessenta, que o poeta e militante do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) esboçou nos seus versos e posteriormente retratou no segundo volume das suas memórias (Adobes da Mémoria. Chegadas, Luanda, 2002). Numa perspetiva que pretende valorizar os atores que contribuiram a conectar as culturas italiana e brasileira ao longo do século XX, a experiência do prolongado exílio de Costa Andrade – que vai de 1961 até 1967 mas que, entre 1961 e 1964, acabou também por unir ideal e ideologicamente Angola, Itália e Brasil – se insere no marco de uma complexa e sofrida experiência pessoal de luta contra o autoritarismo fascista, que o militante angolano conhece, incialmente em África e na Europa, através da opressão do colonialismo salazarista e perseguição da PIDE e, sucessivamente, vai experimentar no continente americano como consequência da repressão seguida ao golpe militar de 1964, que levou ao aprisonamento dos nacionalistas africanos ativos no Brasil.
De Marchis, G. (2025). Tempo e contratempos de um poeta angolano na Itália e no Brasil. In P.P. A. Santurbano (a cura di), Itinerârios transatlânticos (pp. 19-28). Rio de Janeiro : 7Letras.
Tempo e contratempos de um poeta angolano na Itália e no Brasil
Giorgio de Marchis
2025-01-01
Abstract
O artigo apresenta a coletânea de versos Tempo angolano em Itália, que o poeta angolano Fernando Costa Andrade (1936-2009) publicou no Brasil em 1963 com a chancela da editora Felman-Rêgo. Através da análise dos poemas pretende-se reconstruir a perceção do contexto político e cultural italiano do começo dos anos Sessenta, que o poeta e militante do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) esboçou nos seus versos e posteriormente retratou no segundo volume das suas memórias (Adobes da Mémoria. Chegadas, Luanda, 2002). Numa perspetiva que pretende valorizar os atores que contribuiram a conectar as culturas italiana e brasileira ao longo do século XX, a experiência do prolongado exílio de Costa Andrade – que vai de 1961 até 1967 mas que, entre 1961 e 1964, acabou também por unir ideal e ideologicamente Angola, Itália e Brasil – se insere no marco de uma complexa e sofrida experiência pessoal de luta contra o autoritarismo fascista, que o militante angolano conhece, incialmente em África e na Europa, através da opressão do colonialismo salazarista e perseguição da PIDE e, sucessivamente, vai experimentar no continente americano como consequência da repressão seguida ao golpe militar de 1964, que levou ao aprisonamento dos nacionalistas africanos ativos no Brasil.I documenti in IRIS sono protetti da copyright e tutti i diritti sono riservati, salvo diversa indicazione.


